- 1. O ressurgimento do cassino no Brasil
- 2. Um olhar histórico: do glamour à proibição
- 3. O novo modelo proposto: cassinos-resorts integrados
- 4. Impacto econômico e turístico
- 5. Argumentos contrários e riscos sociais
- 6. Modelos internacionais como referência
- 7. O papel da tecnologia e do cassino on-line
- 8. Questão moral e cultural
- 9. O que esperar dos próximos anos
1. O ressurgimento do cassino no Brasil
Durante décadas, o cassino foi símbolo de glamour, entretenimento e luxo no Brasil. Desde a proibição dos jogos de azar em 1946, o tema desapareceu da economia formal, mas nunca deixou de existir nos bastidores. Agora, o cenário mudou.
Com o avanço da regulamentação das apostas e a discussão sobre legalizar os cassinos integrados a resorts, o Brasil parece cada vez mais próximo de um novo ciclo de investimentos e debates morais. O “cassino moderno” surge como promessa de desenvolvimento econômico, turismo e empregos — mas também de riscos sociais que exigem atenção.
2. Um olhar histórico: do glamour à proibição
Na primeira metade do século XX, cassinos brasileiros eram ícones de sofisticação. O Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e o Cassino Quitandinha, em Petrópolis, recebiam artistas como Carmen Miranda e figuras da elite nacional.
Mas em 1946, o então presidente Eurico Gaspar Dutra assinou o decreto que proibiu todos os jogos de azar no território nacional. O argumento: preservar a moral e evitar a degradação social.
Mesmo proibidos, jogos clandestinos e loterias ilegais proliferaram. E com a popularização das apostas on-line e plataformas internacionais, a fronteira entre proibição e realidade se tornou mais tênue do que nunca.
3. O novo modelo proposto: cassinos-resorts integrados
Nos últimos anos, diversos projetos de lei foram apresentados no Congresso Nacional propondo a legalização de cassinos integrados a resorts. A ideia é criar complexos turísticos que unam hotéis, centros de convenções, entretenimento, gastronomia e áreas de jogo sob supervisão federal.
Os defensores afirmam que o Brasil tem potencial para se tornar o maior mercado de entretenimento da América Latina, com arrecadação bilionária. Estudos da ABRABINCS (Associação Brasileira de Bingos e Cassinos) estimam que a legalização poderia gerar até R$ 70 bilhões por ano e 200 mil empregos diretos.
A lógica é simples: se o jogo existe — e o brasileiro aposta on-line todos os dias — por que não transformar isso em receita, turismo e empregos dentro da lei?
4. Impacto econômico e turístico
A possível volta dos cassinos seria uma virada econômica para estados com vocação turística, como Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. Resorts com cassinos poderiam atrair turistas estrangeiros e reaquecer setores como hotelaria, gastronomia e eventos.
Além disso, a arrecadação tributária pode reforçar os cofres públicos. Parte dos recursos seria destinada a áreas estratégicas — saúde, educação e cultura.
Países como Portugal, México e Estados Unidos mostram que, quando bem regulados, cassinos podem se tornar pilares econômicos locais. O Las Vegas Strip, por exemplo, gera mais de US$ 6 bilhões anuais em receita fiscal — e o Brasil tem população e território muito maiores.
5. Argumentos contrários e riscos sociais
Nem todos comemoram. Grupos religiosos, especialistas em saúde mental e economistas alertam para os riscos sociais do jogo. Entre os principais pontos de preocupação estão:
- Dependência em jogos: estima-se que entre 1% e 3% da população pode desenvolver vício patológico.
- Endividamento: a busca por recuperar perdas pode levar famílias inteiras ao colapso financeiro.
- Lavagem de dinheiro: cassinos são historicamente vulneráveis à movimentação de recursos ilícitos.
- Desigualdade regional: estados sem turismo forte podem não se beneficiar igualmente.
Segundo especialistas, é necessário criar políticas de jogo responsável, com limites, transparência e suporte a quem sofre com dependência.
6. Modelos internacionais como referência
A experiência internacional oferece lições valiosas para o Brasil:
- Las Vegas (EUA): sucesso econômico baseado em forte regulação e fiscalização federal.
- Macau (China): modelo de resort integrado que transformou a região em polo global, mas enfrenta desafios de dependência.
- Portugal e Espanha: adotaram sistema híbrido, permitindo cassinos em zonas específicas e controladas.
Em todos esses casos, a regulamentação rigorosa foi essencial para equilibrar lucros e responsabilidade social. Sem fiscalização eficiente, os riscos tendem a superar os ganhos.
7. O papel da tecnologia e do cassino on-line
Enquanto o debate sobre cassinos físicos avança, os cassinos on-line já movimentam bilhões no país. Plataformas digitais, muitas hospedadas no exterior, oferecem roletas, caça-níqueis e pôquer 24 horas por dia — e, muitas vezes, sem controle oficial.
Com a regulamentação do setor de apostas esportivas e jogos on-line (Lei 14.790/2023), o governo começou a estender a discussão para o cassino virtual. O objetivo é evitar evasão fiscal e proteger jogadores de golpes.
A tendência é que, em breve, o Brasil unifique as regras entre cassinos físicos e digitais, criando um ecossistema mais transparente e competitivo.
8. Questão moral e cultural
Além da economia, o debate sobre cassinos envolve ética e cultura. Parte da população ainda associa o jogo à imoralidade, enquanto outros enxergam como forma legítima de lazer e geração de renda.
Pesquisas recentes mostram que mais de 60% dos brasileiros apoiam a legalização, desde que haja regras claras e proteção social. Isso indica uma mudança de mentalidade: o cassino deixa de ser tabu e passa a ser uma oportunidade econômica — desde que com responsabilidade.
9. O que esperar dos próximos anos
Com o avanço legislativo e o interesse de investidores estrangeiros, o retorno dos cassinos ao Brasil parece cada vez mais próximo. Projetos como o PL 442/1991 (que trata da legalização dos jogos de azar) podem ser votados ainda neste ciclo legislativo.
Se aprovado, o país entrará em uma nova era do entretenimento — com cassinos em resorts, eventos internacionais e bilhões circulando em receita e impostos.
Mas o sucesso dependerá de um equilíbrio delicado entre lucro e ética, liberdade e regulação, entretenimento e responsabilidade social

