Mauricio Pochettino e Christian Pulisic estão juntos novamente, com o treinador e o jogador participando do treinamento da seleção masculina dos EUA antes dos amistosos deste mês contra Coreia do Sul e Japão.
O quão “juntos” eles estarão será revelado na próxima semana e além, mas não há dúvida: eles precisam estar alinhados se os EUA quiserem alcançar o objetivo declarado de avançar longe na Copa do Mundo do próximo verão.
Isso não quer dizer que os dois tenham tido uma briga, nem que precisem ser melhores amigos ou jantar juntos regularmente. Mas houve uma desconexão.
Pulisic rejeitou uma tentativa de Pochettino de substituí-lo na disputa pelo terceiro lugar da Liga das Nações da Concacaf em março passado. Ele ficou de fora da recente Copa Ouro, dois meses depois, e embora o diretor esportivo da USSF, Matt Crocker, tenha dito na época: “Tomamos a decisão coletiva de que esse é o momento certo para [Pulisic] descansar”, a reação pública foi intensa, com ex-jogadores da seleção, como Landon Donovan, questionando o comprometimento do jogador.
A resposta de Pulisic, em parte, foi dizer em entrevista à CBS Sports que ele havia se oferecido para jogar em dois amistosos antes da Copa Ouro, mas que Pochettino o recusou. Pulisic também disse na entrevista que não entendia a decisão, embora o técnico tenha explicado que queria um único elenco para todo o programa da Copa Ouro.
Embora o impulso de Pulisic para se defender seja compreensível, revelar parte das discussões sobre sua participação na Copa Ouro foi um erro e apenas irritou Pochettino. O treinador respondeu dizendo que “não é um manequim” e que ele sozinho decide quem joga pela seleção dos EUA e quando.
Quando a lista para os amistosos foi anunciada na semana passada, Pochettino disse que não falava com Pulisic desde a Copa Ouro, acrescentando: “Acho que tudo ficou para trás, tudo o que aconteceu no verão, e acho que agora precisamos olhar para frente.”
Ficou subentendido o quão efetiva essa abordagem será, se não houve comunicação.
Para ficar claro, o sucesso na Copa do Mundo não depende apenas de Pulisic, já que muitos fatores precisam se alinhar para avançar no torneio. Os EUA precisam resolver a situação do goleiro. O lateral direito Sergiño Dest precisa estar saudável, para melhorar o ataque com sua habilidade de surpreender. O mesmo vale para Antonee Robinson na outra lateral. O volante Tyler Adams precisa estar em sua melhor forma defensiva. Um dos atacantes — seja Folarin Balogun, Ricardo Pepi, Josh Sargent, Haji Wright, etc. — precisa atingir o auge antes do torneio.
Mas a combinação de talento, criatividade e experiência de Pulisic continua sendo uma peça fundamental do ataque. Quando Pulisic joga bem e está em ritmo, o time geralmente acompanha. Marcar gols é a parte mais difícil do jogo, e Pulisic continua sendo vital nesse aspecto. Pochettino e Pulisic precisam um do outro para o time ter sucesso.
Parte do problema entre Pulisic e Pochettino é que o treinador está tentando uma mudança cultural na equipe. Isso vale para todos, das maiores estrelas até os jogadores sem convocação anterior. Pochettino exige compromisso total, ao menos como ele o define. Apesar do cansaço de Pulisic após jogar mais de 50 partidas por temporada no AC Milan nos últimos dois anos, sua decisão de não jogar a Copa Ouro, enquanto se oferecia para os dois amistosos antes do torneio, enviou uma mensagem diferente para Pochettino.
“Se você chega ao camp e quer passar um tempo agradável, jogar golfe, sair para jantar, visitar minha família, visitar meus amigos, é essa a cultura que queremos criar?” disse Pochettino em maio passado. “Não, não, não, não, não. O que queremos fazer é chegar na seleção e estar focado, colocar toda minha atenção e energia na seleção. Se queremos ser bons daqui a um ano, precisamos pensar que hoje é o dia mais importante.”
A adaptação dos jogadores — incluindo Pulisic — ao estilo de Pochettino tem levado tempo. O zagueiro Tim Ream admitiu após a Copa Ouro que levou tempo demais. Na coletiva de terça-feira, Ream disse que, com jogadores chegando agora, ainda não houve uma reunião geral para discutir as expectativas, embora os técnicos estejam fazendo reuniões individuais.
“Tenho certeza que vamos sentar e conversar [na terça],” disse ele.
“Mas para nós, que estávamos na Copa Ouro… já sabemos qual deve ser o padrão daqui para frente e só precisamos garantir que todo mundo seja responsável, se cobre, se ajude, e que saibamos que estamos na mesma página, no mesmo time.”
Pochettino foi treinador de alto nível por 15 anos — passando por Tottenham, Paris Saint-Germain e Chelsea — antes de assumir o comando dos EUA. Se houver alguma mudança, ela dependerá de Pulisic, porque Pochettino não mudará seu jeito. O treinador dos EUA deixou claro que ninguém tem vaga garantida. Weston McKennie ficou fora da lista atual e, embora Pochettino tenha dito que foi por falta de descanso após a participação no Mundial de Clubes, Tim Weah teve carga semelhante e está no camp.
As relações entre jogadores e treinadores podem ser fluidas e passar por dificuldades. A relação de Pulisic com o ex-técnico Gregg Berhalter teve altos e baixos antes de se alinharem para a Copa do Mundo de 2022, na qual Pulisic foi peça chave para os EUA chegarem às oitavas.
Pode muito bem ser o caso de Pochettino e Pulisic. Mas Pulisic e o time precisarão se adaptar ao estilo de Pochettino.
