Enquanto a Eurocopa Feminina de 2025 foi marcada por recordes de público, uma operação bem-sucedida e performances memoráveis, culminando na vitória da Inglaterra, a Copa América Feminina sofreu comparações negativas.
Enquanto Brasil e Colômbia se preparam para a final de domingo, o torneio no Equador tem sido alvo de críticas devido à má organização, baixas assistências e arbitragem abaixo do esperado.
Com o Brasil sediando a Copa do Mundo de 2027, esperava-se que a Conmebol melhorasse o nível e os padrões da Copa América Femenina após problemas semelhantes na Copa Libertadores Feminina no Paraguai.
A lenda brasileira e seis vezes eleita Jogadora do Ano pela Fifa, Marta, tem sido vocal em suas críticas, questionando os organizadores por fazerem as equipes se aquecerem em áreas internas restritas, ao invés de no campo.
Imagens divulgadas nas redes sociais, antes da vitória dominante do Brasil sobre a Bolívia no Grupo B, mostraram jogadoras de ambas as equipes se aquecendo lado a lado em uma área confinada no Estádio Gonzalo Pozo Ripalda.
A medida foi tomada para evitar danos ao campo, que recebeu dois jogos em um único dia durante a fase de grupos, e deixou Marta, aos 39 anos, “triste com essas circunstâncias”.
A atacante do Manchester City, Kerolin, refletiu sobre a diferença com a Eurocopa ao escrever em sua conta no X: “Enquanto na Eurocopa eles estão quebrando recordes em tecnologia, nós estamos nos aquecendo em uma sala de no máximo 20 metros quadrados, com cheiro de tinta.”
‘Problemas estruturais’ na Copa América comparados ao sucesso da Eurocopa
Enquanto a Eurocopa atingia novas alturas, a Copa América sofreu mais baixos.
O total de público na Suíça foi de 657.291 espectadores – um novo recorde para o Campeonato Europeu Feminino, com a média por jogo superando 20.000 pela primeira vez.
Antes mesmo de a Inglaterra defender seu título ao derrotar as campeãs mundiais da Espanha na final, várias jogadoras elogiaram a organização do torneio, tanto dentro quanto fora de campo.
Isso não aconteceu no Equador.
A jornalista brasileira Julia Belas destacou os “problemas estruturais” da competição, ao comentar para a BBC Sport: “A Copa América foi amplamente criticada pelas jogadoras, pela equipe dos times e pelas federações, especialmente devido à estrutura, ou à falta de estrutura, que foi oferecida às equipes participantes.
“Por exemplo, eles usaram apenas dois estádios durante a fase de grupos, então todos os jogos foram realizados nesses dois estádios, e isso afetou a qualidade do campo.
“Durante duas rodadas, as jogadoras não puderam se aquecer no campo para tentar preservar a qualidade da grama. Ao mesmo tempo, você sabe, apenas os problemas estruturais que já vimos antes em outras competições da Conmebol, como a Copa Libertadores.”
‘A Conmebol precisa acelerar o passo’
A América do Sul sediará a sua primeira Copa do Mundo Feminina em 2027 e terá muito a provar após o sucesso da competição de 2023 na Austrália e das últimas duas Eurocopas.
Os fãs também lotaram os estádios na Copa das Nações Africanas Feminina, com cerca de 150.000 ingressos vendidos enquanto a Nigéria conquistava o troféu.
Quando perguntada se a Copa América representava bem o continente, Belas respondeu: “Não, de jeito nenhum.
“É a primeira vez que a Copa do Mundo Feminina será sediada na América do Sul e, claro, parte da candidatura foi o fato de termos enormes estádios no Brasil, usados para a Copa do Mundo masculina há 11 anos.
“A Conmebol realmente precisa acelerar o passo, porque vimos uma Copa do Mundo incrível acontecendo na Austrália. Vimos a Eurocopa na Suíça atraindo centenas de milhares de fãs, e até na Copa das Nações Africanas vimos estádios com grandes públicos.
“Na Copa América, nem sabemos os números de fãs presentes em cada jogo. É difícil comparar com outros continentes no momento. Com apenas dois anos para a Copa do Mundo, eles realmente precisam melhorar.”
